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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Ementário...

            Saudações Mortais...


      Como sempre, cá estou eu escrevendo em um dia nublado... Acho até que faz muito sentido, uma vez que eu detesto o sol e ele faz meus olhos doerem, então...
     Ontem fui ao psiquiatra, pois não estava muito bem... aliás ainda não estou bem, mas estou me esforçando para melhorar... Consegui com que ele receitasse mais um remédio além do Carbolitium... um antidepressivo... que ironia da vida, eu que abomino tomar remédio é o que mais faço no último ano...
     Bem, espero que além da minha vontade em melhorar, que o bendito remédio também ajude... senão a única opção é o suicídio... Sei que muitas pessoas dizem que isto é covardia, mas há momentos em que por mais que a gente tente se erguer e seguir em frente, é algo que se torna quase impossível... é algo além da própria vontade e a única coisa que temos vontade de fazer é dormir para não ver as coisas acontecerem...

     E, para ilustrar esse momento depressivo, vou postar aqui, um texto que eu postei no Blog Do Vale das Sombras, no qual fui convidada a postar.


LIBERTAÇÃO

            Abri os olhos e mirei o teto. Mais um dia iniciava, porém não era só mais um dia... era o último dia, meu último dia.
            Levantei da cama e caminhei lentamente até o banheiro. Olhei o espelho e visualizei meu reflexo. Diferente das outras vezes, meu semblante estava tranquilo, sereno até, porque eu sabia qual seria o final daquele dia e esta certeza me dava energia para seguir adiante.
            Cumpri minha rotina monótona, mas desta vez, não suspirei exasperada, pois a certeza do que me aguardava, me reconfortava. Peguei minha bolsa, despedi-me de minha família e me dirigi até a garagem para pegar meu carro. No meio do trajeto, estacionei em frente à casa dos meus parentes maternos. Entrei, troquei algumas palavras banais e me despedi deles, porque eu ainda precisava trabalhar.
            Quando cheguei ao local onde passava 8 horas por dia, fazendo sempre as mesmas coisas, cumprimentei os colegas de trabalho com um sorriso comedido e fui para minha sala. Tinha de deixar meu trabalho organizado.
            Contava as horas para o final do expediente e sentia aquela expectativa que uma criança sente quando chega o momento da entrega de presente de Natal. Quando tive uma oportunidade, redigi uma epístola simples a todos os que amo, para que saibam o quanto são importantes para mim. Aos colegas, procurei auxiliá-los da forma que eu podia, para que as tarefas que eles tinham de executar ficassem mais agradáveis. Eu queria deixar uma boa lembrança antes da minha partida.
            O decorrer do dia foi maçante como todos os outros. A impressão que eu tinha era de que um filme passava diante dos meus olhos e eu era apenas uma telespectadora, sem poder algum de alteração do meu destino.
            Após o término do expediente, voltei para casa e, no trajeto, enquanto ouvia pela última vez minhas músicas preferidas, observava as coisas e pessoas à minha volta. Aquele final de tarde estava especialmente lindo, como se a vida quisesse mostrar que ainda havia motivos para continuar, mas todo aquele espetáculo não mudaria em nada minha decisão. De alguma forma eu estava feliz pelo que faria: daria paz aos que amo.
            Quando cheguei a casa, ela não parecia mais meu lar, parecia a moradia de uma estranha e aquilo indicava que eu deveria partir logo.
            Larguei minha bolsa no lugar de costume. Arrumei a casa, pois também queria partir deixando meu lar organizado. Antes de “arrumar as malas”, depositei sobre a mesa da sala a simples missiva de despedida. Sorri tristemente pensando na reação deles, mas era a melhor opção para todos.
            Fui até o banheiro e enchi a banheira. Dirigi-me ao escritório para verificar o horário no relógio da parede e pegar algo deveras importante. Calculei o tempo e sorri, ainda estava dentro do horário, não haveria atrasos.
            Quando a banheira estava cheia, chaveei a porta do banheiro, tirei a roupa e mergulhei na água morna. A temperatura da água deixou-me mais tranquila. Fechei os olhos sabendo que estava quase na hora, não podia me atrasar. Uma única lágrima escorreu pelo meu rosto, eu já havia chorado tanto antes que não restava mais lágrimas.
            Por alguns segundos, minha vida passou diante de mim. Minhas alegrias, meus triunfos, minhas tristezas, minhas perdas e todos os rostos das pessoas que eu mais amava na minha vida. A dor no peito que eu sentia há tempos voltou com força. Estava na hora.
            Estendi o braço e alcancei o estilete que trouxera do escritório. Por um segundo, titubeei diante do que faria, pois sabia que não haveria mais volta, mas eu estava decidida: já não suportava mais viver em tristeza e nem entristecer os que amo. A maçã estragada no cesto tinha que ser eliminada e eu faria isso.
            Dois cortes verticais rápidos. Quase nem senti a dor. Acho que a água morna aliviou a ardência. Recostei-me na banheira e respirei fundo. Aos poucos, senti a sonolência aumentar até que caí em sono profundo nos braços Dela.
            Quando abri os olhos, eu estava no lugar mais lindo que já vira tantas outras vezes em meus sonhos. Sorri em paz.
            Eu estava livre.
                                                           
                                             Vampyra Morgh 04-09-2011
              
    

                Ósculos e amplexos,

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