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sexta-feira, 20 de maio de 2011

Lelia - Álvarez de Azevedo


             Olá Mortais...


           Encontrei este lindo poema de Álvares de Azevedo no blog Álvares de Azevedo e achei simplesmente lindo e elegante. Bem do estilo que eu gosto e resolvi postá-lo aqui, para que vocês leiam também.
          Para quem gosta do Ultra romantismo, acredito que apreciará tão lindo poema.
          Até mais...
          Amplexos e ósculos eternos...

Vampyra

 LELIA

Passou talvez ao alvejar da lua,
Como incerta visão na praia fria...
Mas o vento do mar não escutou-lhe
Uma voz a seu Deus!...ela não cria!

Uma noite, aos murmúrios do piano
Pálida misturou um canto aéreo...
Parecia de amor tremer-lhe a vida
Revelando nos lábios um mistério!

Porém, quando expirou a voz nos lábios,
Ergueu sem pranto a fronte descorada,
Pousou a fria mão no seio imóvel,
Sentou-se no divã... sempre gelada!

Passou talvez do cemitério à sombra
Mas nunca numa cruz deixou seu ramo,
Ninguém se lembra de lhe ter ouvido
Numa febre de amor dizer: "eu amo!"

Não chora por ninguém... e quando, à noite,
Lhe beija o sono as pálpebras sombrias
Não procura seu anjo à cabeceira
E não tem orações, mas ironias!

Nunca na terra uma alma de poeta,
Chorosa, palpitante e gemebunda
Achou nessa mulher um hino d'alma
E uma flor para a fronte moribunda.

Lira sem cordas não vibrou d'enlevo,
As notas puras da paixão ignora,
Não teve nunca n'alma adormecida
O fogo que inebria e que devora!

Descrê. Derrama fel em cada riso,
Alma estéril não sonha uma utopia...
Anjo maldito salpicou veneno
Nos lábios que tressuam de ironia.

É formosa contudo. Há dessa imagem
No silêncio da estátua alabastrina
Como um anjo perdido que ressumbra
Nos olhos negros da mulher divina.

Há nesse ardente olhar que gela e vibra,
Na voz que faz tremer e que apaixona
O gênio de Satã que transverbera,
E o langor pensativo da Madona!

É formosa, meu Deus! Desde que a vi
Na minh'alma suspira a sombra dela...
E sinto que podia nesta vida
Num seu lânguido olhar morrer por ela.


                                           Álvares de Azevedo

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Soneto - Álvares de Azevedo

        Olá  Mortais...


      Achei interessante postar um dos mais lindos poemas que eu já li...
    Devo confessar que sou apaixonada por todos os poetas do Mal do Século e, Álvares de Azevedo é o meu preferido.
    Espero que gostem,
   
    Amplexos,


Soneto (Álvares de Azevedo)Pálida, à luz da lâmpada sombria,
Sobre o leito de flores reclinada,
Como a lua por noite embalsamada,
Entre as nuvens do amor ela dormia!
Era a virgem do mar! Na escuma fria
Pela maré das águas embalada!
Era um anjo entre nuvens d'alvorada
Que em sonhos se banhava e se esquecia!
Era mais bela! O seio palpitando...
Negros olhos as pálpebras abrindo...
Formas nuas no leito resvalando...
Não te rias de mim, meu anjo lindo!
Por ti - as noites eu velei chorando,
Por ti - nos sonhos morrerei sorrindo!