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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Sobre a Morte...

      Saudações Mortais...
 
 
      Não comecei o ano de 2013 bem. Na verdade, nada bem.
      Sempre achei que a Morte fosse algo benéfico para mim, mas nunca percebi que não havia nada de benéfico Nela se eu não estivesse sozinha. Ir embora, deixar este mundo e deixar de existir não é ruim se somos solitários, mas quando existem pessoas que amamos e que nos amam, aí sim a coisa complica.
      Havia tempos que eu acreditava que se morresse e deixasse quem eu amasse livre da minha presença seria algo positivo, mas verifico que não é. Os que vão embora deixam um grande vazio em nossos corações. Não sei o que acontece quando morremos, se ocorre semelhante a dormir, quando caímos no sono e “apagamos”. Não sei se somos levados por outros espíritos para outro plano astral, embora os espíritas afirmem que sim ou se acontece como nas máquinas, que quebram e simplesmente param de funcionar.
      A verdade é que iniciei 2013 com esse sentimento terrível de perda. De medo do momento em que eu tiver de ir embora ou quando alguém que eu amo ir embora. Meu primeiro sentimento nesse ano foi com a perda do nosso porquinho de estimação: Darwin. Independente se é só um bichinho, o mesmo tem vida, sentimentos, diferindo apenas na espécie. Lembro como se fosse ontem e toda a vez fico triste, com vontade de chorar. O porquinho há 3 dias não estava bem, parou de comer e de beber água. Parecia que ele queria comer, mas não conseguia. Quando pensei em levar ao veterinário, foi tarde demais. Como eu estava de férias, acordei no dia 7 de janeiro perto das 11h e fui direto para a gaiola do Darwin, para ver como ele estava. Como na noite anterior, ele estava deitado num canto da gaiola, sem se mexer  e eu, tentando melhorar a situação do bichinho, peguei ele no colo para ver se ele melhorava, mas ilusão a minha, ao pegá-lo, percebi que ele nem tentou fugir como sempre fazia quando estava bem. Simplesmente deixou que eu o pegasse. Fiquei com ele no colo por alguns momentos e comecei a chorar chamando o porquinho de idiota, porque ele tinha de reagir, tinha de melhorar, mas não foi isso que aconteceu. Ele tremeu forte duas vezes e eu o coloquei no chão, achando que facilitaria e que ele começaria a caminhar, mas não foi isso que aconteceu. Permaneci segurando o Darwin, para que não caísse, então ele tremeu de novo pela terceira vez e partiu. Quando percebi isso, comecei a chorar de novo. Meu filho veio saber o que acontecia e começou a chorar também quando eu disse que o porquinho tinha morrido. O pior de tudo isso foi a percepção que eu tive de que o Darwin tinha esperado apenas pelo momento de eu pegá-lo no dia seguinte, como se soubesse que iris partir no dia 7 e estivesse só esperando por mim para se despedir.
      O momento da morte é terrível. É como se o corpo de quem está indo embora tremesse todo quando a alma vai embora e depois fica aquele corpo inerte, com olhos sem brilho mirando o vazio. Só presenciei isso uma vez quando meu periquito morreu de velho. Aconteceu a mesma coisa com o Edgar, quando ele partiu. Se isso me abalou tanto com um bichinho de estimação, penso em como será quando acontecer com uma pessoa que eu gosto muito, com algum parente meu... confesso que não sei se conseguirei suportar tal coisa. Nós nos acostumamos tanto com a presença seja do bichinho, seja da pessoa ao nosso lado, com suas manias, suas características e sua forma de expressar seus sentimentos. E quando tudo isso acaba? E quando olhamos para um canto da casa onde o bichinho ficava e só vemos um vazio? E quando olhamos para a cama e vemos o vazio que o marido ou esposa deixaram porque partiram e nunca mais voltarão?
      Os espíritas dizem que a morte não é uma coisa ruim, que é natural e que, em determinado tempo, nós nos reencontraremos com os que amamos em outro plano. Também dizem que não devemos ficar tristes pela ausência deles, pois é tudo passageiro. Pensando por essa lógica, acho o pensamento reconfortante, mas quem é que me garante que isso vai acontecer de fato? Quem é que garante que eu vou reencontrar em algum momento, todos aqueles que foram embora antes de mim? E se isso for verdade, como viver dia após dia com a ausência da pessoa ou do bichinho? Se a pessoa não tem o dom, como saber que o ente amado está por perto, esperando por ele ou ela (como aconteceu no Ghost)? Podemos estar acompanhados dos que amamos, mas se não pudermos sentí-los ou vê-los, como aplacar a saudade e a ausência de nossos corações?
      Não sei resposta alguma para essas perguntas, mas sei que tudo é muito complicado e doloroso. Tento não pensar nisso, mas não sei o que farei se eu for depois dos que amo. Infelizmente, sou muito emotiva com esse tipo de coisa e acho que não suportarei continuar longe das pessoas que ficaram comigo por tantos anos.
      Existe um filme com o Brad Pitty que conta a história de um homem que nasce velho e morre jovem. Chico Anysio em uma entrevista também disse que deveríamos nascer velhos e morrer jovens. Concordo plenamente, pois é quase impossível lembrar de como foi o nosso nascimento, se doeu ou não, se foi traumático ou não, mas lembramos ou estamos conscientes do momento de nossa morte, pois sabemos que estamos deixando esse mundo. Pra quê envelhecer e saber, aos poucos, que estamos caminhando para a morte? Pra quê morrer sem ter a mesma agilidade de quando se é jovem, cheio de doenças da idade, de restrições. Sei que existem idosos que dão muito show em pessoas mais novas, mas vamos ser realistas, uma hora, por mais que a pessoa tenha uma vida saudável, o corpo não vai aguentar e vai parar (salvo se for um vampiro). Então me respondam, porque viver? Vejam os exemplos das pessoas que morreram na tragédia de Santa Maria. Imaginem o pavor dos que não conseguiram fugir. Imaginem centenas de jovens desesperados, tentando achar a saída, pisando uns nos outros enquanto a fumaça os asfixiava. O que é que deve ter passado na mente deles naquele momento de terror? E aquela jovem que enviou um pedido de socorro pelo Facebook? E os familiares dessas pessoas? O desespero que não devem ter passado ao saber que seus filhos que estavam um dia antes alegres e contentes agora não passavam de um corpo inanimado a espera de reconhecimento? Li sobre a história de um cara que era casado e que conseguiu sair da boate e salvar a esposa, mas que retornou para salvar mais pessoas e infelizmente acabou morrendo. Imaginem como a esposa dele não ficou. O ato foi heroico, mas a esposa merecia ficar viúva? O que será das noites dela ao olhar para a cama e pensar que o marido poderia estar com ela, mas não estava porque optou por salvar outras pessoas e não conseguiu se salvar? Houve a história de outro jovem que salvou 14 pessoas, mas também não conseguiu se salvar... a irmã dele disse que se ele tivesse sobrevivido, ficaria muito irritado por não ter podido salvar as pessoas. Houve outro caso que me chamou muito atenção. Estava vendo as fotos de algumas vítimas na internet, quando me deparei com a foto de Allana Willers. Havia uma informação de que ela tinha 18 anos, cursava jornalismo e era autora do Blog Cool Closet: http://cool-closet.blogspot.com.br/. Por curiosidade, resolvi visitar o blog. Verifiquei que a última postagem era de 31 de dezembro e que ela escrevera: “Aguardem, pois graaandes novidades estão por vir para as leitoras lindas aqui do  blog!” Olhem a ironia da coisa: a jovem tinha planos para 2013 e nem suspeitava que no dia 27 de janeiro, deixaria este mundo com tantos planos pela frente. Pelo blog é possível perceber que ela adorava moda, mas optou pela faculdade de jornalismo justamente para poder escrever e estar presente nas atualidades sobre moda. Ela também tinha sido convidada por uma rádio da região para participar com um amigo de um programa sobre moda, mas infelizmente nada disso aconteceu porque ela morreu. Quantos planos, projetos e sonhos ela não tinha? Quantas pessoas que ela amava e que amavam ela não foram separados de forma brusca? E o pior, eu que não conheci a moça, fiquei triste ao ler a postagem de 31 de dezembro e saber que nunca mais haverá postagem alguma no blog, porque a autora deixou este mundo.
      Os espíritas dizem que viemos para cá para nos aperfeiçoar, mas pergunto, aperfeiçoar o quê, para quê? Para sofrermos com as coisas que acontecem? A vida aqui não é nada bonita e tende a piorar. Já temos tantas provas, tantas coisas ruins e ainda temos de ficar longe daqueles que amamos.
      Talvez por isso existam os vampiros, para tentar iludir que a vida é eterna, que nós não precisaremos ficar longe de quem amamos e que há sempre um lado positivo neste mundo.
      Por isso me revolto tanto quando percebo que as pessoas passam a maior parte de suas vidas longe dos amigos, da família para ficarem presos trabalhando como escravos. Precisamos do dinheiro para realizarmos nossos sonhos, mas não há fundamento algum em poder realizar um sonho ou projeto se quem deveria estar ao nosso lado, partiu e nos deixou sozinhos. Não concordam?

 

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