Passei hoje por aqui para deixar um texto que escrevi recentemente.
Espero que gostem.
A
última vez que eu escrevi aqui foi no dia da minha passagem
natalícia e, para não perder o costume, não estava muito feliz.
Fiquei afastada quase quatro meses e, agora que estou retornando,
meus sentimentos continuam os mesmos e, ouso dizer que estão mais
acentuados.
Enquanto
fiquei longe do blog em decorrência da maldita falta de tempo,
observei muitas coisas que a raça humana (infelizmente) a qual
pertenço está cada vez pior. Como sempre disse, não sou melhor do
que ninguém, mas no mínimo procuro não fazer coisas que eu não
gostaria que fizessem para mim, procuro seguir a lógica da coisa e,
sempre que possível, fico na minha. Mas dá uma tristeza imensa ver
o que os humanos fazem. Cada dia estão piores, mais grosseiros, mais
apressados, mais nervosos e ansiosos. Pergunto: apressados para quê?
Ansiosos por quê? Para morrerem mais cedo? É para isso toda esta
correria? Não seria melhor o suicídio coletivo?
As
pessoas estão sempre correndo, sempre apressadas para fazer alguma
coisa. No trânsito então, nem se fala. Certo, às vezes estamos
atrasados para algum encontro ou compromisso, mas será que estamos
sempre atrasados para ficarmos assim, nessa agonia toda? E a
pergunta que não quer calar: pressa pra quê, pra chegar aonde e
fazer o quê?
Observo
as pessoas correndo de um lado para o outro, trabalhando muito e
ficando pouco com a família, vejo motoristas apresados ultrapassando
carros de forma irresponsável e pra quê tudo isso? O que adianta a
criatura correr e acabar se matando em um acidente de carro? Do que
adianta ficar a maior parte tempo da vida com pessoas estranhas no
trabalho do que que com a própria família? Sei que hoje não se faz
nada sem dinheiro e não estou aqui de forma alguma para incitar a
pobreza ou para dizer que o dinheiro não presta como tantos doidos
que ouço por aí. Mas se formos pensar de forma lógica sobre tudo
isso, me digam: quando morrermos nós vamos levar as coisas materiais
que conseguimos durante nossa vida? Ou vamos fazer como os egípcios
e mandar construir pirâmides para sermos enterrados junto com
“nossas riquezas”?
Os
humanos dão muito valor ao material e negligenciam completamente a
parte sentimental e espiritual da coisa. A apelação das propagandas
de carro é o cúmulo do materialismo e consumismo desenfreado e o
pior é que as criaturas entram na onda.
Não
lembro a marca do carro, mas vi uma propaganda que mostrava um cara
trabalhando no escritório, quando o telefone tocou e ele foi
atender, o braço do cara começou a desaparecer e ele não conseguiu
atender a ligação. Desesperado, o cara saiu correndo como doido
pelo escritório e só sossegou quando entrou no carro x. Então,
aconteceu um milagre: o cara que estava sumindo por não ter aquele
carro virou gente quando entrou no automóvel. Quer dizer, a pessoa
não é nada se não tiver um carro daqueles? Por favor, que
deselegância! O mais triste disso tudo é que as pessoas vão no
clima e acreditam mesmo que podem ser “melhores” se possuírem
tal coisa. Como a nossa sociedade beócia ensinou a acreditar que
isso é o certo, as pessoas entram em parafuso se não tiverem tal
carro, tal casa, tal roupa, tal status. Só que as criaturas esquecem
de um detalhe: o caráter e as atitudes de alguém não são medidos
pela quantidade de riquezas e sim pelas ações e convicções da
pessoa. Vejo pessoas humildes muito mais elegantes do que pessoas
ricas, logo ter um monte de coisa também não quer dizer ter a chave
do paraíso.
Confesso
que eu gostaria de ter nascido em um berço de ouro para que eu
pudesse aproveitar a vida (coisa que não fazemos, pelo menos os que
não ganham um salário como o do Ronaldinho, só pra correr atrás
de uma bola). Mas se analisarmos friamente, nós não vivemos,
vegetamos. Acordamos cedo e fazemos a maldita rotina da semana para
ir para o trabalho. Saímos de casa 7 horas (ou mais cedo), porque
precisamos considerar as tranqueiras do trânsito e voltamos depois
de 12 horas ou mais para casa. Saímos de um emprego onde ficamos
presos durante o dia todo e quando chegamos em casa, nos deparamos
com mais outro emprego: o de dona de casa. Esse, com certeza, é o
pior trabalho do mundo porque nunca termina. Quando achamos que está
tudo feito, sempre surge outra coisa e, quando está tudo organizado
e finalmente teremos um tempo para nós, olhamos no relógio e
constatamos que já está tarde e precisamos dormir porque amanhã
temos de ir pro trabalho de novo.
Analisem
a ignorância da coisa: passamos mais tempo com estranhos do que com
os da nossa família, passamos o dia todo dentro de um lugar,
obedecendo (ou não) ordens e, quando a jornada de trabalho finda e
estamos “livres” em casa, há mais trabalho doméstico para fazer
e, quando resta algum tempo para nós, ficamos preocupados porque
temos de dormir para acordar cedo e ir trabalhar. Nós só vivemos em
função de atividades que não são nossas e de coisas que nem
gostamos em troca de dinheiro para comprarmos o que queremos, mas às
vezes estamos tão cansados da nossa “rotina divertida”, que não
temos ânimo para aproveitar e fazer algo de que nos agrade.
Lamento
profundamente que eu não faça parte dos que nasceram em berço de
ouro, pois com o dinheiro que essas pessoas têm é possível sim
viver e não vegetar a vida. As pessoas não precisam trabalhar,
porque já tem dinheiro e podem direcionar sua atenção para fazerem
o que gostam como passear, viajar, fazer cursos sem se preocupar com
a correria e com o horário das coisas.
Na
verdade, esse tipo de situação deveria ser possível a todas as
pessoas e não somente aos falcatrueiros, políticos, mulheres-corpo
(tem a carcaça, mas não tem inteligência, aliás nem pensam), aos
jogadores de futebol (não sabem conjugar um verbo direito, mas são
milionários). É só observar que neste país os que tem mais
dinheiro são os que não fazem nada de útil e os que tem uma
profissão muito mais significativa ficam implorando ao governo para
ganhar um aumento de irrisórios R$60,00 reais. Olhem o absurdo da
coisa, a população pagando cada vez mais impostos, deixando de
comprar certas coisas para comprar outras, porque os preços subiram
e os políticos ladrões reunindo-se para aumentarem seus “salários
magrinhos” para salários maiores e o povo idiota não faz nada,
apenas fica observando as criaturas viverem com o dinheiro dos
impostos cobrados. O governo afirma que não pode aumentar mais o
salário dos professores, mas se não fosse esses professores, os
políticos que hoje ganham dinheiro às custas dos outros não teriam
a educação (ou não) para se tornarem o que são. Isso causa
ojeriza em mim e a vontade que eu tenho é de partir desse mundo,
porque simplesmente não dá para aguentar isso.
Tudo
está muito ruim e tende a piorar mais. Sinto que seja assim, mas
sinceramente, não vejo nenhuma luz no final desse túnel do terror.
E
depois dizem que os vampiros são os monstros...