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terça-feira, 30 de abril de 2019

Hoje é terça dia de Ementário

Saudações Mortais!!

Cá estou eu em mais uma terça-feira, escrevendo de forma regular (finalmente)!
Confesso que isso me deixa muito alegre! Conseguir escrever todos os dias nos meu 8 blogs é algo que eu sempre quis fazer, mas a depressão não deixava... eu simplesmente não tinha ânimo para escrever uma vírgula sequer.
Então, o médico aumentou a dose de Fluxetina e de Carbolitium e me pareceu que as coisas finalmente foram para os seus lugares. Eu também colaborei parando de reclamar de ter de tomar remédio... até porque, no meu meu caso, não adianta nada reclamar e não tomar a medicação se, sem os remédios eu fico uma pessoa insuportável :(
Mas isso é passado. Agora as coisas tendem a melhorar e seguir em frente.


Bem, apesar de estar tudo muito positivo, separei umas postagens sobre a Deep Web para postar nas próximas semanas. Sei que são assuntos perturbadores e pesados, mas confesso que não me afetam e eu "estou de boas", como se diz por aí. 
Eu acho interessante, porque acho doido :)
Assim como aquela história do quadro amaldiçoado do menino, que eu já escrevi aqui. Vou aproveitar e colocar um vídeo do canal Fatos Desconhecidos para ilustrar.
E para relembrar, tem essa postagem que eu fiz há alguns anos:



Então Mortais... para o dia de hoje era isso.
Desejo uma ótima terça-feira a todos.
Amplexos,




terça-feira, 23 de abril de 2019

Vídeo da Deep Web

Saudações Mortais!!

Hoje vou dar uma pausa na Bipolaridade nossa de cada dia para postar algo sombrio. 
Os vídeos que passam na Deep Web. Realmente, eles causam uma sensação muito esquisita quando os estamos assistindo, chega a dar uma agonia...
Mas como eu nunca falei sobre esse assunto antes, fiz uma breve pesquisa para identificar o que é a Deep Web e encontrei o site https://olhardigital.com.br/fique_seguro/noticia/deep-web-saiba-o-que-acontece-na-parte-obscura-da-internet/31120 muito legal, que explica de forma clara o que é esse lado da Internet.

O que é a deep web

Em grande parte, a deep web existe, assim como a própria internet, graças à força militar dos Estados Unidos. Neste caso, graças ao Laboratório de Pesquisas da Marinha do país, que desenvolveu o The Onion Routing para tratar de propostas de pesquisa, design e análise de sistemas anônimos de comunicação. A segunda geração desse projeto foi liberada para uso não-governamental, apelidada de TOR e, desde então, vem evoluindo...
Em 2006, TOR deixou de ser um acrônimo de The Onion Router para se transformar em ONG, a Tor Project, uma rede de túneis escondidos na internet em que todos ficam quase invisíveis. Onion, em inglês, significa cebola, e é bem isso que a rede parece, porque às vezes é necessário atravessar várias camadas para se chegar ao conteúdo desejado.
Grupos pró-liberdade de expressão são os maiores defensores do Tor, já que pela rede Onion é possível conversar anonimamente e, teoricamente, sem ser interceptado, dando voz a todos, passando por quem luta contra regimes ditatoriais, empregados insatisfeitos, vítimas que queiram denunciar seus algozes... todos.
A ONG já teve apoio da Electronic Frontier Foundation, da Human Rights Watch e até da National Christian Foundation, mas também recebeu dinheiro de empresas, como o Google, e de órgãos oficiais - o governo dos EUA, aliás, é um dos principais investidores.
Ao acessar um site normalmente, seu computador se conecta a um servidor que consegue identificar o IP; com o Tor isso não acontece, pois, antes que sua requisição chegue ao servidor, entra em cena uma rede anônima de computadores que fazem pontes criptografadas até o site desejado.
Por isso, é possível identificar o IP que chegou ao destinatário, mas não a máquina anterior, nem a anterior, nem a anterior etc. Chegar no usuário, então, é praticamente impossível. Também há serviços de hospedagem e armazenagem invisíveis. Assim, o dono da página está seguro se não quiser ser encontrado.


Bem, no site há mais informações, mas eu não achei pertinente colocar, mas se vocês forem curiosos, visitem o site no link que eu disponibilizei antes.
E agora sem mais delongas, segue o vídeo.



Não tenho muito a falar, porque o próprio vídeo já diz tudo.
Isso sim faz a pessoa ter pesadelos...

Acredito que por hora era isso.
Amplexos a todos,


terça-feira, 16 de abril de 2019

O que vi e vivi - reportagem parte 2

Olá Mortais,

Vamos continuar com a segunda e última parte da reportagem sobre Bipolaridade.

"Nesse período, conheci meu marido, que tem sido meu grande companheiro nesta caminhada. As duas internações mais recentes foram muito doloridas, e ele sempre esteve ao meu lado. Fizesse chuva ou sol, nunca faltou a nenhuma visita. Precisei trocar de medicação, porque o lítio estava me intoxicando. Meu humor ficou instável e acabei discutindo com uma colega no trabalho. Aquele acesso de raiva ia contra tudo o que eu buscava naquele momento, inspirada em ideias de amor e compaixão do budismo.
Eu passara por um intervalo de 10 anos em uma condição estabilizada e achava que tudo estava se encaminhando para um futuro de sanidade. Mas de repente tudo mudou.
Após essa discussão, me senti muito frágil e comecei a ter sentimentos de perseguição. Eu me afastei do trabalho, tomei uns comprimidos a mais e fui internada pela 11ª vez. Meu marido fez questão de me internar numa ala privada para que eu não tivesse que conviveras as usuárias de crack. Recebo alta, volto ao trabalho, mas o sentimento de perseguição continua e sou internada pela 12ª vez após ingerir comprimidos com um litro de vinho tinto seco. Meu marido me leva desacordada para o Pronto Socorro e fica ao meu lado até eu despertar . Volto mais uma vez ao trabalho, mas não consigo me adaptar. Estou com 50 anos e surge a possibilidade de eu me aposentar. Este não é o destino que imaginei para mim, mas a minha bipolaridade se mostrou muito séria.
Quando escrevi Me Diga Quem Sou, estava num momento bom de minha vida. Sei de pessoas com este transtorno de humor que têm uma vida relativamente normal desde que bem medicados. Eu também fui assim. Hoje tomo Aripiprazol e Depakene (acido volproico). Estou até bem do ponto de vista químico, mas emocionalmente me sinto bastante triste . Talvez seja a hora de recomeçar novamente com outros padrões de felicidade. Quem sabe escrevendo e assim explicitando este meu jeito diferente de sentir. Assim como eu, muitos outros bipolares gostariam de ser ouvidos, aceitos e de contribuírem de alguma forma.
Pude sentir isso no lançamento do livro na Livraria Cultura em Porto Alegre. Duas pessoas me falaram da dificuldade de não serem compreendidas, das oscilações de humor e das ameaças de suicídio. Nem sempre ser bipolar foi tão ruim assim. Confesso que, no princípio, eu sentia um fascínio pela química feroz de meu cérebro, que me levava a uma euforia fantástica. Mesmo pagando um preço muito alto por tudo isso, eu me sentia especial. Com as perdas decorrentes pelo caminho, esse sentimento foi diminuindo aos poucos. Hoje, Confesso que me sinto um tanto perdida diante da situação que a vida me colocou ou que me coloquei. Tenho o apoio da minha família e do meu marido e a admiração de pessoas que leram o meu livro, mas me sinto triste. Preciso me reinventar como a bipolar que já viajou sozinha para o Espírito Santo com uma mochila cheia de remédios e de esperança para fazer o seu trabalho de conclusão da faculdade de Jornalismo. Lá estava eu em Regência, na foz do Rio Doce quando ainda não contaminado pela lama maldita que veio matando tudo. Eu tinha 27 anos. Entrevistei e convivi com técnicos do projeto Tamar (Tartarugas Marinhas) e habitantes do local. Foi uma grande aventura. Tinha dias e horas marcadas para falar com meu psiquiatra que estava a milhares de quilômetros de distância em Porto Alegre.
Agora, a vida me apresenta outra aventura: a de reunir forças para continuar sabendo que não sou uma enviada divina; muito pelo contrário, sou frágil e é daí que preciso tirar uma forma mais suave de viver, sem tantas oscilações. E quanto àquelas piadinhas sobre bipolaridade, é melhor nem pensar. Embora elas estejam por aí, só quem vive na carna sabe como é. Aos 21 anos um psiquiatra me disse que havia vários estágios de bipolaridade, e que o meu era muito sério a ponto de talvez eu não voltar. Voltei para contar a minha história, para desmistificar certos preconceitos, para não me sentir só. Talvez, mesmo assim, eu não seja compreendida, mas eu entendo, pois até hoje eu venho tentando me descobrir.


Pois é... mais uma colega de doença, digamos assim.
Todo mundo diz a mesma coisa quando eu reclamo de ser bipolar: que eu tenho que ficar alegre porque tem os remédios e tal... imagina as pessoas bipolares de anos atrás quando não existia o carbolitium, por exemplo. Na real não tem que reclamar, não tem que fazer nada. É não pensar e colocar os comprimidos goela a baixo e agradecer por eles existirem... pelo resto da vida.
Triste realidade.
Por hoje era isso.
Até a próxima semana.


terça-feira, 2 de abril de 2019

O que vi e vivi - reportagem parte 1

Saudações Mortais,

Hoje vou começar a postar aqui uma reportagem retirada do jornal ZH, de maio de 2017, sobre bipolaridade. 
Não postei a reportagem aqui antes em função de várias "quedas" bipolares que eu tive, mas como o assunto costuma ser sempre atual, então aqui vai:

O que vi e vivi

Autora de uma biografia recém-lançada, Helena Gayer conta como é conviver com a bipolaridade.

Aos 21 anos, Helena Gayer recebeu o diagnóstico de bipolar. Desde então, oscilou entre surtos que a faziam se sentir como uma enviada divina, sempre seguidos da dor de enfrentar mais um recomeço. Ela compartilha com Donna um pouco da experiência dessa jornada narrada no livro Me diga quem eu sou. 
Hoje é comum ouvir piadinhas sobre bipolaridade. Mas o que significa ser bipolar? Talvez eu possa ajudar contando um pouco do que tenho passado até aqui. Em meu livro Me diga quem eu sou, falo um pouco de como é a minha experiência com este transtorno de humor. Fui diagnosticada aos 21 anos, mas já sofria de depressão intercalada com períodos de uma alegria sem razão de ser desde os 14. Tudo começou com a separação de corpos dos meus pais; no entanto, desde muito pequenina, eu era bastante introspectiva. Na adolescência, mesmo passando por episódios de depressão em que afundava em minha cama, consegui ser a melhor da minha turma na escola.

Quando o médico me deu o diagnóstico de bipolar, disse que o meu caso era bastante sério. Contrariando qualquer timidez, meu primeiro surto (aos 21 anos) foi bombástico, com direito a prisão e dias e noites em claro pela paradisíaca Florianópolis, experimentando o delírio de me achar uma enviada divina. Inspirada no livro Do jardim do Éden à Era de Aquarius, que lera aos 19 na casa de um colega do curso de Oceanologia em Rio Grande, me imaginava numa sociedade evoluída onde ei exterminaria o mal. Foram dias de um cansaço descomunal, em que perambulei insana pelas praias me envolvendo em situações perigosas e inusitadas.  
Eu morava em Canoas e viajara com uma vizinha para Floripa. Ela, apavorada, chamou meu pai e ele foi me buscar de carro com uma amiga. Minha família não entendia o que estava acontecendo comigo e me internou no Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Depois de tudo, viria o retorno à realidade dentro do setor psiquiátrico e o recomeço. Assim aconteceu por inúmeras vezes. Era só observar os sintomas: pensamento acelerado, falta de sono, ideias absurdas e recorrentes. Várias vezes, eu me expus sem a mínima noção de perigo e só saí ilesa não sei como. A cada exposição, uma nova internação e um novo recomeçar. Assim foi em Florianópolis, onde, depois de tudo, até os policiais ficaram meus amigos.
Teve a vez que dormi na praia de Canasvieiras e algumas amigas só foram me encontrar no outro dia pela manhã: o Carnaval em Pelotas, onde fui expulsa de um retiro espiritual e jogada na rua sozinha em plena madrugada; a noite que escapei de três homens mal- intencionados por uma fração de segundos na praia do Cassino; ou quando, em surto, busquei  pela minha sobrinha imaginária entre os jovens que se divertiam na noite de um final de semana em uma avenida movimentada da cidades. Meus surtos eram intercalados por períodos de sanidade em que eu voltava à Faculdade de Jornalismo e me envolvia em questões sociais, como meio ambiente, direitos humanos e comunicação alternativa. Também nesses momentos eu buscava um mundo ideal e acabava me perdendo mais adiante em meus devaneios pelo fato de a realidade não corresponder ao que eu almejava.
Em certa ocasião, fui ao Rio de Janeiro e lá conheci uma turista alemã. Passeamos pela cidade sem que ela percebesse que eu estava surtada. Tempo depois, ela me mandou  um cartão-postal. Respondi no meu inglês macarrônico, dizendo que na época eu estava maluca. Acho que ela não entendeu nada. Talvez porque eu estabelecia diálogos internos: explicando melhor, eu não falava dos meus sentimentos absurdos. Guardava-os para mim. Já imaginei que poderia me transformar num cavalo ou que entabulava um diálogo com uma baleia que, na realidade, era um imenso tronco de árvore. Já experimentei desde o frio numa cela de um hospital público até o conforto de uma piscina numa clínica particular. Os dois me privaram da liberdade. Tomei uma quantidade absurda de remédios, entre os quais o lítio se destacou. Passei por 10 internações e mais duas recentemente, com um intervalo de 10 anos.

CONTINUA...

Bem, pessoal, por hora era isso. Para o texto não ficar muito longo, eu vou escrever a segunda parte na semana que vem.
Espero que estejam apreciando as informações.
Um abraço a todos e até a semana que vem.