Aqui estou eu, na terça-feira, dia do Ementário Noturno. Confesso que não sabia muito o que escrever hoje... queria escrever mil assuntos, mas a cabeça está meio lenta, naquela fase em que se quer pensar, mas não se consegue porque está muito de...va...gar...
Mas vamos lá, que acredito eu deva ter alguns bipolares por aí querendo mais informação...
Essa reportagem que eu vou transcrever é da Zero Hora e foi publicada em 2015. Sei, faz um tempo, mas todos nós sabemos que a Bipolaridade não tem prazo de validade, a coisa é sempre a mesma, só acrescenta mais conhecimento,
Talvez eu divida a reportagem em sessões não sei ao certo, porque não quero deixar o texto imenso e enfadonho.
Vamos lá,
MORENO, Doris Hupfeld. Mentes inquietas. Zero Hora. Porto Alegre, 21 nov., 2015.
Mentes inquietas
Sem causas bem definidas e exames que comprovem o problema, o transtorno bipolar pode levar anos para ser diagnosticado.
O transtorno de humor bipolar é uma doença da qual ainda não se sabe muito sobre as causas e não há exames que possam comprovar o diagnóstico. Conhecida pela alternância entre fases de mania e depressão, a enfermidade apresenta um rol de sintomas e nuances que não se restringem à oscilação de humor e que tornam o diagnóstico mais complicado. No Brasil, uma pessoa com o problema demora, em média, seis anos para descobrir que sofre com a doença.
Dois são os tipos em que se divide o transtorno: no tipo 1, o paciente apresenta episódios de mania, que pode se manifestar como psicose e, no tipo 2, menos grave, apresenta hipomania - a pessoa fica acelerada, dorme mal, tem exaltação de humor. Quem é diagnosticado com o primeiro também pode apresentar episódios de hipomania, mas, para isso, precisa ter tido ao menos um registro de mania so longo da vida. As duas formas trazem algumas dificuldades para o diagnóstico.
- O tipo 1 pode ser confundido com doenças como a esquizofrenia, já com o 2 com depressão. Cada um tem os seus desafios - explica o psiquiatra Flávio Kapczinski, professor titular da Faculdade de Medicina da UFRGS e coordenador do Programa de Tratamento de Humor Bipolar do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.
Kapczinski também estuda as bases biológicas do transtorno e relata que os avanços mais atuais são sobre o que é chamado neuroprogressão do quadro do paciente:
- Em um grupo que temos no Clínicas e em outras pesquisas, mostrou-se que, quando a pessoa tem mais de 10 episódios da doença, há uma tendência de diminuição de volume de certas áreas do cérebro, as pré-frontais, como o hipocampo, responsável pela memória. Mas isso não ocorre com todos. Alguns exames, particularmente a ressonância magnética, é que ajudam a fazer essa distinção. Por isso a importância da adesão ao tratamento, que ajuda a evitar os episódios de mania ou hipomania e depressão.
- Até pouco tempo atrás não se considerava o transtorno bipolar como uma doença que causasse danos cerebrais. Hoje já se sabe que pode deixar uma sequela - reitera a psiquiatra Helena Maria Calil, ex-presidente da Associação Brasileira de Amigos, Familiares e Portadores de Transtornos Afetivos (Abrata) e com longa atuação na área.
Para Doris Hupfeld Moreno, psiquiatra e pesquisadora do Grupo de Doenças Afetivas do Instituto de Psiquiatria do Hospital de Clínicas da USP, todo paciente para o tratamento ao menos uma vez na vida, o que faz do conhecimento do transtorno algo essencial para as pessoas:
- Para todas as doenças crônicas, a adesão é um problema. por isso faz parte do tratamento entender os sintomas. Todos param o tratamento alguma vez. Cada um precisa "apanhar" da doença, para, aos poucos, aprender a se tratar. É um processo.
Preconceito com a doença ainda é grande
Assim como em outras doenças mentais, o preconceito atua sobre as dificuldades de procurar ajuda.
- O estigma ainda é muito grande no Brasil. Alastra-se o mito de que todo mundo é bipolar, mas 90% não são. Vira até adjetivo. Isso apenas acentua o preconceito. E, quando alguém fala que tem transtorno bipolar, as outras pessoas se afastam. Mas quem tem, quando bem tratado, não aparenta o transtorno - completa Doris.
Por isso também que o nome mudou de psicose maníaco-depressiva para o atual, conta o psiquiatra José Alberto Del Porto:
-O termo psicose é muito carregado de estigma, e nem sempre o transtorno bipolar se configura por ele. Temos formas mais leves que se caracterizam mais por exaltação do humor, sem te delírios, que é uma marca da psicose.
Vou continuar na terça que vem essa transcrição, mas antes de ir embora queria fazer alguns comentários.
Verdade, é complicado quando se diz para as pessoas que se é bipolar e é bem verdade que as criaturas ficam chamando qualquer pessoa que teve uma mudança simples de humor de bipolar. Nossa, se a gente vai seguir assim, imagina! Até a Natureza é Bipolar :)
Infelizmente, no meu caso, não tive dificuldade em ser diagnosticada bipolar, Desde o bendito psiquiatra em que eu fui até o último, todos me disseram A MESMA COISA. Então vocês podem me perguntar: "Mas isso não é bom? Tipo, o diagnóstico não foi errado?" É, por um lado isso é bom, porque tu não ficas como um idiota para todo lado sem saber o que realmente tens, mas por outro... eu não queria ter esse diagnóstico. Aliás, ninguém quer, a não ser que sejam daquelas pessoas que glamorizam a doença, se achando o máximo por ser bipolar. Vamos ser francos, QUALQUER TIPO DE DOENÇA é terrível. Se fosse bom, não seria chamado de doença, não é mesmo?
Mas o ruim de tudo isso é o apoio que precisamos ter. É muito comum as pessoas perto de ti acharem que tu estás querendo aparecer quando se diz bipolar. Já ouvi de gente que nem merece ser lembrada, que convivia direto comigo que eu queria aparecer, que eu era mimada, quando eu tinha os meus "ataques".
Ah! Fala sério. As criaturas acham mesmo que se fosse para chamar a atenção eu iria ao psiquiatra, gastaria uma fortuna em remédio e exame e ficaria tomando remédio para o resto da vida? Nossa, que idiotice, era melhor pendurar uma melancia no pescoço e sair batendo tambor no meio da rua... pra que querer chamar a atenção gastando dinheiro e tomando remédio?
Sabem qual o problema disso tudo? A mesma coisa que eu falo sempre: as pessoas não respeitam o outro, não se colocam no lugar do outro. Dessa forma fica muito fácil de acusar a pessoa de querer aparecer. Ninguém quer perder o seu tempo tentando entender o outro. O motivo do outro agir daquela forma. É como eu escrevi na última publicação, se a última psiquiatra, sabendo que eu não poderia continuar com a terapia devido às finanças não se deu ao trabalho de buscar ao mínimo um desconto com a Direção, para que eu continuasse com o acompanhamento e tratamento, que é o profissional responsável por isso e que sabe que a Bipolaridade é uma das doenças que mais causa o suicídio entre as pessoas, o que dirá das pessoas que convivem contigo e não estudaram para saber sobre a doença? E sem falar na célebre frase... são pessoas....
Logo, antes de ir só tenho a dizer uma coisa, Bipolaridade é uma doença terrível. Confesso que fiquei preocupada quando li que pode afetar partes como na memória, por exemplo, mas o que fazer? Não pedi para vir com esse defeito de fábrica :) Deduzi que o que se pode fazer é se cercar de pessoas que realmente gostem de ti e estejam dispostas a aguentar a complicação que é uma crise bipolar. Isso já é uma grande vitoria para pessoas bipolares como eu. Porque, vamos concordar: a vida em si já tem um monte de problemas e aprendizados para nós, ninguém merece ter pessoas imbecis que não sabem de nada querendo bancar os psiquiatras em volta para infernizarem a tua vida.
Bem, depois disso, fico por aqui. Até semana que vem,
Abraços,