Sim,
estou pensando em suicídio. Talvez a melhor solução para os meus
problemas.
Cheguei
até a criar um slogam:”O suicídio nada mais é do que a autonomia
sobre a vida”
E
não é verdade?
Quando
uma pessoa decide acabar com a própria vida, ela não está
decidindo quando, como e onde quer morrer? Ora, a única coisa certa
nessa existência é que TODOS vamos morrer mais cedo ou mais tarde,
só não sabemos quando, onde e como. Não passamos de simples
marionetes da vida.
Somos
formigas queimando sob a lupa de deus, ser supremo que segundo uns,
nos criou à sua imagem e semelhança e, segundo eu, nos largou aqui
para nos virarmos e perdermos a esperança nas coisas boas a cada dia
que passa. Acredito que, já que não pedimos para vir a esse mundo,
pelo menos poderíamos ter a opção de decidir quando vamos
deixá-lo.
A
Morte é um assunto terrível e eu sei muito bem disso. Antigamente
pensei que ela fosse uma amiga que fosse levar as coisas ruins embora
e me dar paz, mas daí lembrei que eu não estou sozinha. Apesar de
muitos quererem que eu morra, eu não posso simplesmente acabar com
minha existência. Tenho meu filho, meus cachorros e meu marido que,
penso eu, iram sentir minha falta e eu acho que ainda não cumpri
minha missão com eles. Mas não consigo aceitar que algum deles vá
embora antes de mim, porque eu não suportaria continuar sem eles.
Então
por que raios não podemos decidir quando ir embora? Se a coisa toda
fosse planejada, na certa seria menos dolorosa, já que esse é o
final de todos nós.
É
certo então nos despedirmos de quem amamos e, por causa de um
bandido, nunca mais os vermos porque a alguém decidiu dar um tiro
neles? Sei de histórias em que as pessoas foram rotineiramente para
os seus trabalhos e, nunca mais voltaram por causa de terceiros, que
deveriam morrer em seus lugares, porque esses sim não prestam.
Então
chegam os otimistas: “Carpe diem.” Também concordo, mas não
temos de aproveitar o dia porque não sabemos o que pode acontecer em
seguida. Temos de aproveitar o dia porque é isso que viemos fazer
aqui, nesse planetinha decadente. Por que viemos parar um lugar que
não pedimos, para passar trabalho, sofrer e, além disso, ainda por
cima aproveitar o dia porque não se sabe até quando vamos ficar por
aqui à espera de um louco qualquer ou de um câncer qualquer prontos
para nos levar? Por que deixar nosso corpo envelhecer e, por mais
saudáveis se sejamos, chegar a um ponto em que uma lesma se torna
mais rápida que nós?
Por
que não decidimos quando queremos ir? É tudo uma questão de
planejamento.
Eu
não queria ter essa consciência, não queria ter memória, não
queria sofrer com o que foi e nunca mais será. Não queria ter em
minha mente imagens e lembranças de pessoas, animais, situações
que eu sei que NUNCA mais acontecerão ou estarão comigo. Somente
quando eu morrer é que as lembranças e saudades irão embora. Por
melhor que seja uma lembrança, a saudade que ela causa é sempre
nostálgica, porque não queríamos que acabasse, mas é algo que não
depende de nós...
Queria
fazer como um video que vi no Youtube: uma senhora, provavelmente
cercada dos entes queridos e com câncer terminal, decidiu pôr um
fim no sofrimento. Uma amiga lhe serviu Nembutal, ela bebeu,
conversou, sorriu e comeu chocolate. Depois, como uma criança que
brinca até tarde da noite, foi se acalmando, se aquietando e era
possível observar o sono eterno aproximando-se lentamente.
Ela
morreu feliz, com calma e tranquilidade. Morreu junto dos que amava e
provavelmente seu corpo e espírito finalmente puderam descansar...
Pensando
por esse lado, não é uma boa ideia ao menos controlar isso? Saber
quando ir, saber quando se despedir, saber como partir? Ao menos
nunca ficará a sensação do que podia ter sido e não foi. Não foi
porque deus quis, foi porque a pessoa decidiu que aquele era o melhor
momento para fazer o inadiável.
07/12/2015